Who cares

Seja um bom leitor e se indigne com esses disparates postados aqui!

domingo, 15 de abril de 2012

O Encontro do Rock com a Inteligência




Dia desses, assisti o Jô Soares e vi um metaleiro que se tornou um grande cantor de ópera. Sujeito simples, agradável e muito inteligente. O cantor revelou-se ouvinte do rock apenas no final, causando admiração. Lembrei imediatamente de umas tribos que falavam coisa do tipo o do por que “que todo roqueiro se acha inteligente”?! Esta afirmação, todo amante dos Yardbirds e Led Zeppelin confirma: achamo-nos, de fato, (mais) inteligentes.

Escrevo este texto para demonstrar que não se trata de auto-proclamação ou arrogância, mas, sobretudo, um fato que tem origem nas dinâmicas da realidade, na experiência concreta. Por isso mesmo se trata não de uma verdade absoluta e sim de uma tendência social. 


A Rotina não ajuda


O primeiro fato influente é a própria música, sua batida, sua lógica. Os cientistas já perceberam que a rotina vicia o cérebro, torna-o "preguiçoso": impede à criatividade, o raciocínio, a abstração. Como o cérebro pode abstrair numa música de pagode que repete a mesma frase 18 vezes em uma música de apenas uma estrofe? Cláudia leite ainda não acordou para esta realidade. A música tem-se empobrecido: letras óbvias, músicas repetitivas, simples demais, batidas sem surpresa. Uma merda é claro. 


Já o rock é complexo: as letras e músicas valorizam a surpresa, a desconstrução da lógica musical, a mistura, a letra de mensagens qualificadas. Um solo de Jimi Hendrix ou uma música desconcertante do The Clash revolucionam, surpreendem, assustam. Resultado: massa cinzenta ativa.


The Clash: Revolution Rock, it is a brand new Rock. I said: a bad, bad Rock, this here Revolution Rock. 








 A curiosidade no rock

 O segundo aspecto é que o rock estimula a busca de conhecimento. O movimento Punk Rock, por exemplo, leva a juventude a conhecer teorias revolucionárias, ou que se consideram como tal, como o marxismo e o anarquismo; Blind Guardian leva seus fãs a ler toda a obra de J.R.R. Tolkien (livros enormes e literatura vasta); Kiko Loureiro, além dos solos da Angra, nos mostra a música clássica e outros estilos dedilhando a sua guitarra. A música de inspiração Dark Wave me levou, por exemplo, a Robert Smith do The Cure (um poeta massa do Post-Punk, recomendo). 

Ou seja: é um estilo que estimula o intelecto, a curiosidade, a busca de informações, de teorias e explicações. Isto, por outro lado, não é uma dádiva do Fantasmão ou de Joelma. O rock é um estilo que sua lógica musical expulsa a rotina tendo por consequência o desenvolvimento cerebral. Além do mais, as letras em inglês, por exemplo, não só atuam pela positiva na busca pelo domínio de outras línguas como também estimulam a abstração (algo que a cultura globalizada limita). 

Há outro aspecto importante: é um estilo que estimula a liberdade sexual. A curiosidade também aí faz a diferença. A liberdade sexual que proporciona o rock já é estudado na psicanálise como fator de uma ampliação da consciência. A relação do indivíduo com o sexo altera o pensamento. 

Empiricamente, muitos perceberam, mesmo sem uma explicação, um talento intelectual especial daqueles que apreciam um bom Rock & Roll, como os Stones o The Who. Hoje não ando sempre de preto, não vou a ambientes típicos de um roqueiro, não toco guitarra e ainda amo Samba e MPB – e provavelmente continuarei amando. Mas no Notebook tem que ter uma boa quantidade de bytes destinados a um som mais violento e – veja só – relaxante.


Um comentário: