Por João Pulo do http://livridade.blogspot.com.br/
Dia desses, assisti o Jô Soares e vi um metaleiro que se tornou um
grande cantor de ópera. Sujeito simples, agradável e muito inteligente. O
cantor revelou-se ouvinte do rock apenas no final, causando admiração. Lembrei
imediatamente de umas tribos que falavam coisa do tipo o do por que “que todo
roqueiro se acha inteligente”?! Esta afirmação, todo amante dos Yardbirds e Led
Zeppelin confirma: achamo-nos, de fato, (mais) inteligentes.
Escrevo
este texto para demonstrar que não se trata de auto-proclamação ou arrogância,
mas, sobretudo, um fato que tem origem nas dinâmicas da realidade, na
experiência concreta. Por isso mesmo se trata não de uma verdade absoluta e sim
de uma tendência social.
A Rotina
não ajuda
O
primeiro fato influente é a própria música, sua batida, sua lógica. Os
cientistas já perceberam que a rotina vicia o cérebro, torna-o
"preguiçoso": impede à criatividade, o raciocínio, a abstração. Como
o cérebro pode abstrair numa música de pagode que repete a mesma frase 18 vezes
em uma música de apenas uma estrofe? Cláudia leite ainda não acordou para esta
realidade. A música tem-se empobrecido: letras óbvias, músicas repetitivas,
simples demais, batidas sem surpresa. Uma merda é claro.
Já o rock
é complexo: as letras e músicas valorizam a surpresa, a desconstrução da lógica
musical, a mistura, a letra de mensagens qualificadas. Um solo de Jimi Hendrix
ou uma música desconcertante do The Clash revolucionam, surpreendem, assustam.
Resultado: massa cinzenta ativa.
The
Clash: Revolution Rock, it is a brand new Rock. I said: a bad, bad Rock, this
here Revolution Rock.
A curiosidade no rock
O segundo aspecto é que o rock estimula a
busca de conhecimento. O movimento Punk Rock, por exemplo, leva a juventude a
conhecer teorias revolucionárias, ou que se consideram como tal, como o
marxismo e o anarquismo; Blind Guardian leva seus fãs a ler toda a obra de
J.R.R. Tolkien (livros enormes e literatura vasta); Kiko Loureiro, além dos
solos da Angra, nos mostra a música clássica e outros estilos dedilhando a sua
guitarra. A música de inspiração Dark Wave me levou, por exemplo, a Robert Smith
do The Cure (um poeta massa do Post-Punk, recomendo).
Ou seja: é um estilo que estimula o intelecto, a
curiosidade, a busca de informações, de teorias e explicações. Isto, por outro
lado, não é uma dádiva do Fantasmão ou de Joelma. O rock é um estilo que sua
lógica musical expulsa a rotina tendo por consequência o desenvolvimento
cerebral. Além do mais, as letras em inglês, por exemplo, não só atuam pela
positiva na busca pelo domínio de outras línguas como também estimulam a
abstração (algo que a cultura globalizada limita).
Há outro aspecto importante: é um estilo que
estimula a liberdade sexual. A curiosidade também aí faz a diferença. A
liberdade sexual que proporciona o rock já é estudado na psicanálise como fator
de uma ampliação da consciência. A relação do indivíduo com o sexo altera o
pensamento.
Empiricamente, muitos perceberam, mesmo sem uma
explicação, um talento intelectual especial daqueles que apreciam um bom Rock
& Roll, como os Stones o The Who. Hoje não ando sempre de preto, não vou a
ambientes típicos de um roqueiro, não toco guitarra e ainda amo Samba e MPB – e
provavelmente continuarei amando. Mas no Notebook tem que ter uma boa
quantidade de bytes destinados a um som mais violento e – veja só – relaxante.
Retirado e Adaptado do http://livridade.blogspot.com.br/2012/04/o-encontro-do-rock-com-inteligencia.html
Muito bom, Hudson ! Excelente texto.
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