Who cares

Seja um bom leitor e se indigne com esses disparates postados aqui!

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Reflexão sobre uma perspectiva na cultura local: O jovem e o MangueBit



Há mais de 15 em Pernambuco, jovens entediados por não sentirem-se representados na cena musical na cidade de Recife, decidiram criar sua própria cena, produzindo suas próprias festas, músicas e ideologias, seguindo a total ideia do "do it yourself". Estes jovens misturaram a música tradicional de sua terra (Maracatu) com outros estilos e ritmos musicais e criaram seu próprio som e movimento o "Mangue Bit" (Uma mistura das características locais em difusão com o global).
O Mangue Bit ficou bastante conhecida com as bandas Mundo Livre S/A, Sheik Tosado, Mestre Ambrósio e Chico Science & Nação Zumbi, está ultima... difundiu-se de maneira atômica e levou seu "Maracatu atômico" das ruas de Olinda para o Brasil e para o Mundo. O vocalista do grupo "Chico Science" (Francisco de Assis França) tornou-se um ícone musical, apesar de ter lançado somente 2 discos com a Nação Zumbi, pois faleceu em 2 de Fevereiro de 1997 em um trágico acidente de carro.
O grande fato entre Science, o Maracatu, o Mangue Bit e a juventude é justamente a Revolução feita por essa galera que sentia sede por sua própria identidade, uma que não fosse somente global, ou somente local, não uma padronização feita pelos moldes midiáticos e industriais, mas sim uma identidade singular, empermeada de pluralidades e subjetividades, tiradas de sua realidade local, de suas características artísticas oriundas de um passado quase esquecido, e tudo isso fazendo um dialogo com o global, com a "Modernidade", enfim com o Mundo.
Hoje passaram-se mais de 15 anos que foi criado o Mangue Bit, 15 anos que Chico Science faleceu, percebemos que boa parte da juventude está apática, não existi uma preocupação na criação de perspectivas próprias, cruzando as barreiras do imaginável, assim como fez a "galera" do Mangue Bit. Será que realmente temos que aceitar tudo que a Mídia e o Mercado Musical nos empurra? Uma música que ouvimos hoje e amanhã esquecemos, não é uma coisa que nos enche de expressões variadas todas as vezes que ouvimos. Enfim, será que deixaremos o Carimbó, Gambá (me refiro ao estado do Pará) e outros ritmos tradicionais morrerem junto com seus últimos mestres?

Para saber mais:
http://memorialchicoscience.com (Sobre Science)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manguebeat (Sobre O Mangue Bit)
http://www.blog.fabiocavalcante.com/ (Baixar música regional)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Memórias da Cabanagem: um momento.

Filme realizado com imagens registradas na segunda edição da Caravana da Memória Cabana, ocorrida em Janeiro de 2012, nas comunidades de Cuipiranga do Tapajós, Vila Amazona e Guajará (Santarém, Pará). Esse evento teve como objetivo celebrar o aniversário da tomada de Belém pelos cabanos, ocorrida em 07 de Janeiro de 1835. A cabanagem foi um movimento insurgente advindo das bases da sociedade amazônica, nascido em função das profundas assimetrias de poder estabelecidas na época do período colonial. O encontro é fruto do empenho dos movimentos sociais santarenos em manter viva a memória da cabanagem, considerada por alguns estudiosos como a maior revolta popular da história da América Latina. Maiores informações sobre os estudos e ações realizadas sobre a cabanagem na região, ver o blog: http://caravanacabana.blogspot.com/

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012


Ela pega mais uma bebida e acende algum cigarro, caminha pelo corredor ouvindo aquela música “come on, come on, come on, come on, now, touch me, baby” ela canta junto... Dança na frente do espelho, de forma levemente sensual, e está bem. Caminha até a porta, coloca um sorriso falso no rosto e cumprimenta quem está chegando, “malditas visitas” sussurra para si mesma e prossegue sorrindo falsamente, aquele sorriso forçado propositalmente, porque é de sua vontade que percebam que não vieram em boa hora. Olha para o gato que brinca com a borda da toalha da mesa e por um tempo se esquece de onde está ou das visitas sentadas no sofá cor de vinho... ela não sabe quantos minutos se passaram desde que eles chegaram, estão ali desde quando? Horas, dias, meses, anos? E se pergunta se ainda tem bebida no seu copo, olha paras mãos, e la está um copo cheio, é, apenas alguns minutos. Eles conversam entre si, “sobre o que estão falando?” ela tenta se concentrar naquelas gesticulações, mas depois de continuar sem entender nada, desiste. “Yeah, yeah” ouve no fundo, “com licença” ela pede e se levanta, sem esperar a resposta, está pouco se fodendo se eles desejam que ela continue ouvindo (apenas ouvindo, porque não prestou atenção em absolutamente nada) o que quer que estejam falando, aumenta o volume e “piece of my heart” está rolando, naquela voz rasgada e sexy de uma das suas cantoras preferidas, balança a cabeça no ritmo da música e logo está balançando o corpo de um lado para o outro, sem se importa com quem está olhando ou não. Canta. Dança. Bebe. Acende outro cigarro. As visitas foram embora, sem se despedir. A maioria das pessoas a chateiam profundamente, ela tenta não ficar brava, já que estas pessoas não têm culpa de serem tão desinteressantes, mas ela não as quer por perto, ora. Aquela garrafa de bebida, o cigarro, a música, são para ela tão mais atraentes, liga para algum amigo com quem gosta de conversar, e logo estão nus, ouvindo boas musicas, logo mais estão fazendo sexo sem compromisso, apenas porque tiveram vontade. E ela está bem. Continua ouvindo a música, aumenta mais ainda o volume e continua sem a roupa porque gosta de dançar nua pelos corredores da casa, e ela está feliz, aquilo ali lhe faz feliz. Muitas pessoas não gostariam do comportamento dela, muitas pessoas achariam imoral e absurdo, mas isso só em um lugar onde a felicidade dela não importaria,no meu mundo não.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Entropia


  O dia tinha sido todo uma imensa chatice. Tinha assistido dois filmes que não me impressionaram nada, depois resolvi ler um livro. Li o primeiro capítulo e fiquei mais entediada ainda. A noite já estava vindo, então resolvi que não ia ficar em casa esperando que alguma coisa nova acontecesse. Vesti as roupas mais loucas que tinha, pus a maquiagem de maneira a ficar o mais extravagante possível e fui. No caminho recebi mais uma mensagem daquele garoto chato que vive me dizendo coisas sem nexo – idiota. Lá encontrei com as minhas amigas de sempre e fizemos o de sempre: nada, o mais do mesmo costumeiro.
     Fiquei agoniada. Ouvia minhas amigas com o máximo de atenção, mas não entendia nada do que elas diziam. Depois decidi que ia pra casa. Definitivamente, era um daqueles dias que eu deveria ter passado na cama deitada. Fui por um caminho mais longo, porém que não passava muita gente. Chorei. Entrei num conflito existencial sem nem saber qual era o motivo. Senti falta de alguém. Outra mensagem daquele garoto – idiota. Talvez não sentisse falta de ninguém.
     Quando estava chegando em casa, minha vizinha dá as caras na frente da casa dela. Ela estava pronta para sair e ia só. Falei “oi” e então ela me responde com uma pergunta brincalhona:
    • Chegar às onze da noite, aplicadinha como você está, lhe trará insônia. Vem comigo?
    • Pra onde?
    • Não sei, mas vamos sair.
     Mais cedo eu não queria sair, mas também não queria ficar em casa. Mas agora, estranhamente, eu queria fazer qualquer coisa. Não liguei para a simplicidade e até mesmo a falta de interesse do convite. Fomos então. A verdade é que não tinha lugar nenhum pra ir. Ela fumava e me espantei com isso. Nunca tinha ficado perto de alguém que fumasse e só o que eu sabia é que fumar causava câncer. No entanto, sabia que alimentos transgênicos também causavam câncer e era apenas disso que eu me alimentava. Ah, pedi um cigarro a ela. Quis saber a sensação, quis viver o momento.
     Ela ficava surpresa com cada descoberta minha e eu notava isso no semblante dela que demonstrava mais e mais interesse por mim. Estávamos numa praia a noite com as amigas dela. Eram inteligentes, interessantes, lindas.
     Num instante em que eu ria prazerosamente minha vizinha, inexplicavelmente, me beijou no rosto. Fiquei fria, sem saber o que fazer. Logo o beijo chegou na minha boca. Senti a mão dela passar entre as minhas pernas. Parecia que meu coração ia explodir. Mesmo se eu tivesse bebido uma cerveja escocesa eu não teria achado aquilo normal. No entanto, depois, naturalmente, eu vi que não estávamos fazendo nada errado. Eu a amava e amava todas as amigas dela também.
     Quando eu cheguei em casa pensei que eu podia ser lésbica. Entretanto, eu continuava a gostar de homens. Senti que eu podia ter todo mundo. Não entendia qual a necessidade de classificar as pessoas. Percebi que, pra mim, aquilo não tinha importância nenhuma. Depois daquela noite nada ia voltar a ser como antes – entropia.