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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Poderia acontecer


    
     É verdade que ainda tenho cigarros e muita bebida. Eu bebia para esquecer de certos absurdos  cotidianos, mas agora, sempre que bebo, eu os lembro com frequência. Pois por que, então, continuar essa destruição sem sentido? Sentado em alguma mesa cheia do álcool, meu pensamento não acompanha mais as palavras indistintas dos meus amigos. Eu os ouço com dificuldade e impaciência. Essas coisas são caprichos e muitas vezes bobagens minha. Isso me fez lembrar de uma mulher nessas mesas cheias de álcool. Eu não lembro a história, mas vou inventar uma aqui.
     Nessa época eu não fumava, nunca havia posto um cigarro na boca sequer. Porém, eu sempre a via passar tão sedutora, era realmente elegante a maneira como ela fumava. As vezes, eu chegava ao absurdo de pegar as bitucas do seu cigarro só para sentir o cheiro de tabaco e nicotina. Um absurdo, é verdade. Alguma coisa me chamava muita atenção. Ela era tão paradoxa. Era cheio de gestos bruscos e enérgicos por fora, mas ela me dava calafrios, pois dentro ela escondia um coração triste e gélido.
     Um dia ela me surpreendeu me pedindo cigarro "pelo amor de deus! me dá um cigarro?". Foi engraçado. Ela parecia absolutamente necessitada de um. Como eu já havia começado a fumar e tinha cigarros, dei um a ela. Ficamos um tempo conversando poucas coisas. Ela me convidou para ir a um bar, perto de onde estudávamos. Fomos. Muitos cigarros, muito vinho. Fomos para a casa dela. Depois muita libertinagem, sem roupa, apenas libertinagem.

2 comentários:

  1. Me fez lembrar dos textos de Dalton Trevisan. Muito bom !

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  2. Ah: e parabéns pela escolha da imagem - Audrey Hepburn em Breakfast at Tiffany´s. Grando filme !

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